DA CÓLERA
Assim como a ventania arranca árvores, em sua
fúria, e deforma a face
da natureza; assim como o terremoto destrói
cidades inteiras com suas convulsões,
assim a cólera de um homem enfurecido causa danos ao seu redor.
O perigo e a destruição estão em suas mãos.
Mas reflete, sem esqueceres tua própria fraqueza;
assim, perdoarás as
falhas alheias.
Não te entregues à paixão da Cólera; isto é como afiares a espada para
ferir teu próprio peito ou para matar teu amigo.
Se suportares provocações leves, isto te será
creditado como sabedoria;
se as apagares de tua mente, teu coração não te
reprovará.
Não vês que o homem colérico perde a compreensão? Enquanto
estiveres ainda em teu juízo, deixa que a fúria de outro te sirva de
lição.
Nada faças quando estiveres exaltado. Por que te lançadas ao mar na
violência de uma tempestade?
Se é difícil controlar tua ira, sábio será
evitá-la; foge, portanto, de todas as
ocasiões de sentir cólera, ou guarda-te contra
elas sempre que ocorrerem.
O tolo é provocado por palavras insolentes, mas o homem sábio delas ri
com desprezo.
Não abrigues a vingança em teu peito; ela atormentará teu coração e
desbotará tuas melhores tendências.
Estejas sempre mais pronto a perdoar que a retribuir uma ofensa;
aquele
que fica à espreita de uma oportunidade de vingança, espreita a si
mesmo, e atrai o
mal sobre sua própria cabeça.
A resposta suave para um homem irado abate seu ardor, como a
água
lançada sobre o fogo; de inimigo, ele passará a ser teu
amigo.
Reflete sobre quão poucas coisas merecem tua
cólera e ficarás
assombrado de que se entregue à cólera quem não
seja louco.
A cólera começa sempre com uma insensatez ou fraqueza; mas lembra
bem e guarda esta certeza: a cólera raramente acaba sem
arrependimento.
A vergonha persegue os passos da insensatez; atrás da cólera está
sempre o remorso.
O presente texto, foi extraído do livro:” A Vós
Confio”, e constitui o capítulo III do mesmo.
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